Pick#176a - 20 Escudos, 13.09.1978





Carlos Viegas Gago Coutinho (Lisboa, 17 de Fevereiro de 1869 — Lisboa, 18 de Fevereiro de 1959) foi um geógrafo cartógrafo, oficial da Marinha Portuguesa, navegador e historiador. Juntamente com o aviador Sacadura Cabral, tornou-se um pioneiro da aviação ao efectuar a Primeira travessia aérea do Atlântico Sul, no hidroavião Lusitânia.
Nasceu às 3:30h da madrugada, no bairro lisboeta da Ajuda. De família humilde, não pode frequentar, como desejava, o curso de Engenharia na Alemanha e ingressou, aos 17 anos, na Marinha Portuguesa, onde progrediu rapidamente.

Distinguiu-se como cartógrafo e geodeta a partir de 1898, quando de sua primeira comissão em Timor. Até 1920 levantou e cartografou não apenas aquele território mas também o de São Tomé e Príncipe, o de Angola e o de Moçambique, estabelecendo vértices geodésicos e determinando coordenadas em missões científicas onde conseguia precisões notáveis, devido ao seu rigor e dedicação à missão que lhe fora confiada. Respondeu pela delimitação definitiva da parte norte da fronteira entre Angola e Zaire.

No decurso destes trabalhos fez a pé a travessia da África, onde conheceu Sacadura Cabral. Este incentivou-o a dedicar-se ao problema da navegação aérea, o que levou ao desenvolvimento do sextante de bolha artificial, posteriormente comercializado pela empresa alemã Plath com o nome "Sistema Gago Coutinho".[1] Juntos inventaram ainda um "corretor de rumos" (o "plaqué de abatimento") para compensar o desvio causado pelo vento. Para testar essas ferramentas de navegação aérea, realizaram em 1921 a travessia aérea Lisboa-Funchal.

Assim preparados, em 1922, no contexto das comemorações do centenário da Independência do Brasil, os dois aviadores realizaram a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, sendo recebidos entusiasticamente em várias cidades do Brasil (Rio de Janeiro, São Paulo, Recife), bem como no regresso a Portugal.

Gago Coutinho recebeu largo reconhecimento devido a este feito, tendo sido condecorado com as mais altas e prestigiosas distinções do Estado Português, e várias condecorações estrangeiras.

Em 1954 a TAP convidou-o para um voo experimental ao Rio de Janeiro em um DC-4, antecipando a futura linha regular que se estabeleceria em 1961.

A partir de 1925 dedicou-se à História Náutica, tendo desenvolvido vasta obra de investigação científica, publicando significativa variedade de trabalhos geográficos e históricos, principalmente acerca das navegações portuguesas, como, por exemplo, "O Roteiro da Viagem de Vasco da Gama" e a sua versão de "Os Lusíadas". Vários de seus trabalhos encontram-se compilados na "Náutica dos Descobrimentos".

Como reconhecimento de sua obra, foi nomeado director honorário da Academia Naval Portuguesa em 1926, e distinguido como piloto aviador. Retirou-se da vida militar em 1939.

Correspondeu-se com grandes nomes da história da aviação da época como Alberto Santos Dumont, apoiou Sarmento de Beires e João Ribeiro de Barros.

Pertenceu ao Grande Oriente Lusitano da Maçonaria Portuguesa e foi sócio da Sociedade de Geografia de Lisboa, onde foi responsável por várias secções.

Foi elevado a Almirante no último ano de vida. Faleceu no dia seguinte a completar 90 anos. Sepultado no Cemitério da Ajuda-Lisboa. Como forma de homenagem, uma das ruas da cidade de São José do Rio Preto (Estado de São Paulo - Brasil) tem o nome de "Gago Coutinho".